sábado, junho 18, 2005

A nossa "marca"

Aproveito este "semi-fim-de-semana" para quebrar o interregno e soltar um pensamento que me tem acompanhado nos últimos tempos:
Há pouco tempo atrás, entraram em vigor as novas medidas do código da estrada, que tanto alarido e alvoroço causaram (ou pelo menos assim foi dado a entender pelos meios de comunicação social). Vi bastantes entrevistas na televisão a inocentes transeuntes interpelados de surpresa pelos jornalistas, e muitos destes praticamente não faziam ideia das alterações do código.
Honestamente, eu também não sei praticamente nada. Sei que algumas multas subiram, sei que é obrigatório ter coletes reflectores no veículo... Enfim, na verdade, os coletes foram a unica alteração digna de registo.
A respeito dos coletes, houve algo que me deixou bastante impressionado: sendo o povo português conhecido por deixar tudo para a última hora, espanta-me a quantidade de coletes que já foram vendidos, tendo em conta que as pessoas ainda dispõem de alguns meses de tolerância.
Voltando ao assunto, já todos devem ter visto pelo menos um (com certeza mais até...) veículo com os coletes postos nos bancos do condutor e do pendura. Antes que alguém me crucifique, eu não tenho nada contra isso, se alguém faz questão de mostrar que está em conformidade com a lei e acha que se andar com eles na mala está sujeito a que a polícia o mande parar, por mim tudo bem.
Aquilo a que realmente acho piada é ao facto de haverem carros com os coletes postos nos bancos (como tinha dito, em jeito de: "eu cumpro a lei") e que se encontram estacionados em cima de passeios ou em qualquer outro sítio de estacionamento proibido.
Ora, das poucas coisas que eu vi e lembro do código é que o estacionamento em locais proibidos tem agora multas muito mais pesadas que chegam a dar inibição de conduzir. Mas isto não preocupa o portuga, desde que tenha coletes 'tá tudo numa boa.

Esta é a verdadeira "marca" de Portugal, lembro-me de haver uma campanha europeia em que atribuiam um adjectivo subjacente à cultura de cada país. Lembro-me de que os publicitários portugueses não estavam a conseguir arranjar um para o nosso país. Pois bem, aqui temos a marca que nos distingue, nem é preciso palavras, basta um carro com coletes nos bancos estacionado em cima do passeio (de preferência a cortar o passeio todo).

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

se me perguntarem a mim, a verdadeira 'marca' dos portugueses, decorre esta tarde, entre o Martim Moniz e o Rossio, onde um grupo de senhores e senhoras 'não-racistas-apenas-orgulhosamente-brancos' dão mostras da sua clarividência e lucidez, numa marcha contra a violência do arrastão (k'eh como kem diz, em linguagem PNR, os gatunos dos pretos e dos ciganos).... olha, mandasse eu no mundo, e muita gente devia ser proibida de existir e se reproduzir!

18/6/05 20:06  
Blogger Paulo Costa said...

Eu gostei particularmente do hino cantado enquanto se fazia a saudação Nazi... até me senti envergonhado de ser português e saber que no meu país existe gente daquela...
Tanta mina antipessoal perdida em Angola e nem uma alí no chão da Martim Moniz... foi pena :(



Quanto aos coletes, vou ver se me lembro de pôr o meu no baco da frente agora quando começar a época das festas nas terriolas... Assim o meu carro dá mais nas vistas e eu se calhar ainda engato uma cachopa fixe numa dessas festas!



Já que ao domingo à tarde, na discoteca, não tenho tido muita sorte... :(





:P

19/6/05 03:04  
Anonymous Anónimo said...

O que eu gosto mais naquela gente é a coerência, de que é um perfeito exemplo um senhor chamado François Rosa (que, pelo nome, calculo que deva ter nascido mais ou menos ali p´ros lados da Baixa da Banheira..) a reclamar-se português de gema e simpatizante do PNR, em entrevista à menina da SIC. Há gente que devia ter a noção do ridículo da sua existência!

19/6/05 11:12  
Blogger Guilherme Teixeira said...

Acho que o que tem mesmo piada nessa história dos coletes é que a substância de que são feitos, aquilo que faz com que eles reflitam a luz, se deteriore quando os mesmo coletes são expostos demasiado tempo ao sol. O que quer dizer que para além de aquilo ficar um bocadinho azeiteiro(mas só um bocadinho de nada...) estou a inutilizar os coletes para de modo a que, quando chegar a altura certa para os utilizar, eles sejam quase tão utéis como uma qualquer peça de roupa preta...

Isso sim, é verdadeiramente a nossa marca: O ser azeiteiro em vez de pensar um bocado...

Quanto ao Martim moniz.... Por favor leiam o artigo do Ricardo Araújo Pereira na Visão desta semana... Impagável! "Os skinheads portugueses só rapam o cabelo para esconderem a carapinha...". O homem é um génio...

27/6/05 18:17  

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